Algumas considerações sobre os incêndios florestais
RESUMO Com tantas justificações naturais, o facto é que há 50 ou há 500 anos atrás não haviam estes fogos. As punições para o fogo posto têm de ser muito mais pesadas e a investigação tem de se estender até montante. Esta calamidade tem de ser encarada como uma guerra, onde um inimigo (oculto) lança uma arma difícil de combater e que espalha a morte, a destruição, o terror e a insegurança. Os prejuízos são humanos, ambientais, materiais, económicos, turísticos e provocam o desgaste da imagem do país e do governo. Como numa guerra, tem de haver uma organização e um comando central de cariz militar. Na Protecção Civil, o comando, a estratégia e as decisões deveriam ser exercidos por militares habilitados. A prevenção seria feita pelos militares: limpeza florestal e vigilância terreste, nas torres e por meios aéreos, poupando-se recursos económicos. O combate teria um forte apoio militar que poderia ir a várias vertentes nomeadamente coadjuvando os bombeiros. Os meios aéreos de combate seriam exclusivamente militares, pois mesmo que tenha de haver algum investimento, a poupança de recursos económicos acabará por compensar largamente.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS INCÊNDIOS FLORESTAIS AS CULPAS... Perde-se muito tempo à procura de culpados, mas pouco a ajudar nas correcções ou nas mudanças: - É certo que temos dois pontos fracos do problema: a prevenção e o combate. - Todas as medidas, campanhas, e meios disponíveis não têm sido eficazes, tanto num ponto como no outro. - A culpa é de todos os que durante os últimos 20 anos pouco ou nada fizeram para melhorar a prevenção e o combate, e esta melhoria não se conseguiria fazer agora em 4 meses... - Por outro lado, o ataque deste ano foi extremamente numeroso e virulento, criando uma situação inédita até hoje. - Podia-se ter feito melhor? Talvez, mas sem medidas drásticas e muito diferentes do que se tem feito até agora não haverão melhorias significativas e para o ano acontecerá o mesmo ou pior. ENQUADRAMENTO Do historial dos incêndios florestais (IF) em Portugal e o agravamento extremo deste ano, poderemos deduzir algumas conclusões: - Apontam-se muitas justificações para a existência dos IF: falta de ordenamento, limpeza e vigilância florestais, descuidos, clima desfavorável, actos psicopatológicos, etc.... - Mas todos estes factores sempre existiram, há 50 ou há 500 anos atrás... E havia este problema? Não! - Mais parece que não se quer encarar a realidade: são actos criminosos que implicam morte e destruição e que só podem beneficiar interesses ocultos. - Os cenários são de uma verdadeira guerra: ou de um acto terrorista. - Há um inimigo oculto, organizado e até agora inatingível, que utiliza populares disponíveis para atear os fogos. - Com isto, é espalhada a morte, a devastação, o terror e a insegurança. - Combate-se a arma utilizada, mas não se combate da mesma forma e empenho o inimigo por detrás dela. PREJUÍZOS Os incêndios florestais (IF) devem ser considerados uma calamidade pública, provocando elevados prejuízos: - Perda de vidas humanas. - Perda de casas e bens. - Desalojamento das populações. - Perdas na agricultura e pecuária. - Importante diminuição da área florestal e da fauna. - Deterioração do meio ambiente. - Prejuízos em empresas, com incidências na economia e no desemprego. - Perdas e desgaste nos meios de combate ao fogo. - Afectação no turismo, pela paisagística, recursos e imagem do país. - Danos nas telecomunicações, energia eléctrica e outras infraestruturas. - Enorme desgaste económico do Estado no combate, prevenção e na reparação de danos. O COMBATE Como isto se trata de uma guerra efectiva, há várias questões inerentes: - A organização do combate tem de estar bem centralizada e organizada. - Chame-se Protecção Civil ou não, a entidade em causa deverá ter um cariz militar e dirigida por militares, constituindo-se como um comando central de combate a um ataque inimigo. - Este comando rodear-se-ia dos especialistas necessários: bombeiros, meteorologistas, GNR, Polícia Judiciária, exército, Força Aérea, INEM... - Dado ser uma situação de emergência, todos os orgãos intervenientes estariam sob as suas ordens e esse comando central poderia recorrer e utilizar todos os meios que considerasse necessários. - O comando, a estratégia e as decisões seriam exercidas por um ou mais generais, que teriam uma formação específica de combate a este novo cenário de guerra. - Os militares poderiam estar no terreno, auxiliando os bombeiros e as populações. - O sistema próprio de comunicações do exército é mais seguro que o SIRESP e sem os custos deste. - Equipamentos como os canhões de água usados para dispersar manifestações não seriam mais eficazes no combate ao fogo florestal? - Colocação de bocas de incêndio e mangueiras nas aldeias e estradas que atravessem florestas. A PREVENÇÃO Recorrer aos meios militares para prevenir e combater este flagelo só teria vantagens: - Actualmente não é previsível que as Forças Armadas portuguesas tenham que se envolver numa guerra convencional e portanto constituem um meio que está disponível e que tem elevados custos orçamentais, mesmo em situação de inactividade. - Actualmente, e cada vez mais, os militares participam noutras áreas da sociedade, nomeadamente em acçõs de salvamento. - O seu tipo de organização, estratégia e meios disponíveis são extremamente úteis para fazer face a este tipo de calamidade pública. - Além disso, inspiram confiança às populações e tornam-se úteis ao país em situações de catástrofe. - Em termos de prevenção, vigilância e alerta, evitar-se-ía despesas adicionais, com os militares e a Força Aérea (FA) a patrulharem, vigiarem e alertarem. - Os meios aéreos de combate aos IF passariam a ser feitos pela FA, com as necessárias adaptações e formação (o eventual investimento em novos meios seria largamente compensado com a drástica redução nos actuais custos de meios aéreos). - A alteração da lei para punições muito mais severas de fogo posto faz também parte imprescindível da prevenção e a investigação a montante.