A Importância do devagar…
Estamos viciados em velocidade. Desconectámo-nos dos ritmos da Natureza e da Vida e pagamos por isso um preço alto em termos de saúde. Vamos olhar para os efeitos que, o ritmo acelerado e mais especificamente o comer á pressa, têm na nossa saúde. O ato de comermos depressa é considerado pelo corpo um fator stressante.
Comer sob stress é uma das maiores e mais debilitantes estratégias que podemos fazer. E é bom lembrar que stress também significa ansiedade, pressa, medo, tensão, zanga, raiva, falta de perdão, julgamento e pensamentos negativos. Tudo isto causa stress. E como sabemos o mecanismo de resposta ao stress que o nosso corpo ativa em situações críticas para a nossa sobrevivência, é um processo de adaptação e de sobrevivência essencial na história da nossa evolução. O estado de resposta ao stress ativado pelo corpo foi concebido para funcionar otimamente durante 3 ou 4 minutos, que é o tempo que na natureza demora a situação critica a resolver-se, porque ou consigo fugir do predador ou sou comido por ele. O problema é o stress continuado e permanente que em grau maior ou menor todos sentimos dia apos dia. Se não criarmos diariamente e deliberadamente momentos que nos permitam voltar a um estado de relaxamento estamos a hipotecar seriamente a nossa saúde. E um dos momentos mais cruciais em que é imperativo estarmos relaxados é enquanto comemos. Quando comemos depressa, ou em pé, ou a fazer outras coisas ao mesmo tempo, ou stressados, o corpo aciona o mecanismo de resposta ao stress e automaticamente há um certo grau de bloqueio da digestão, da assimilação e da queima calórica daquela refeição.
Eu estou a repetir-me, mas isto devia ser capa de jornal: Nós podemos estar a comer a refeição mais saudável do mundo, mas se não a comermos no estado ótimo de digestão, assimilação e queima calórica - ESTADO DE RELAXAMENTO - não vamos digerir nem metabolizar todo o potencial daquela refeição. Quando comemos num estado de stress produzimos mais insulina e cortisol, que dão informação ao corpo para armazenar peso, armazenar gordura e não construir musculo; é por isso que é difícil emagrecer quando estamos muito ansiosos. Quando o mecanismo de resposta ao stress está ativado, o sangue que chega aos intestinos diminui, a oxigenação é reduzida e há mortalidade das bactérias benéficas do nosso microbioma ou seja o sistema imunitário fica debilitado. Ao mesmo tempo vamos expelir nutrientes importantes como vitaminas e sais minerais, produzimos menos hormona da tiroide e menos hormona do crescimento que são responsáveis por acelerar a taxa metabólica de todas as células do corpo. Aumentamos também a inflamação em muitos órgãos e tecidos, o que leva eventualmente a muitas doenças…

Um ou dois minutos de respiração completa e profunda antes de iniciar a refeição evitam a desregulação do apetite e colocam-nos no estado de relaxamento. Relaxamento é outra maneira de dizermos calma, devagar, confiança, fé, Amor, compaixão, bondade, perdão e compreensão. Todas estas emoções colocam a nossa fisiologia no estado ótimo de digestão, assimilação e queima calórica. Se o relaxamento pudesse ser vendido em frascos e alguém pudesse lucrar com isso, já todos teríamos interiorizado a importância de comer devagar e de forma tranquila.
A velocidade e rapidez com que comemos é também o reflexo da velocidade e rapidez de como vivemos; então o apelo e o convite ao abrandamento, pelo menos às refeições, pode levar a uma poderosa transformação pessoal e que tem a ver com mudarmos a maneira de como estamos na vida.
Margarida Farias – Coach em Psicologia da Alimentação